Inadimplência recua e intenção de consumo das famílias cresce 3,3%, em junho, na capital paulista

Indicador da FecomercioSP que mensura a propensão dos paulistanos em consumir atinge o maior patamar desde abril de 2020

Foto: Bento Gonzaga.
 
No mês de junho, o maior volume de empregos, os saques do Fundo de Garantia por Tempo de Serviços (FGTS) e a antecipação do pagamento do décimo terceiro salário para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ajudaram a reduzir a inadimplência e a aumentar a intenção de consumo das famílias paulistanas. O ICF, indicador da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), apontou alta de 3,3% em relação a maio. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o avanço foi de 22%.
 
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada também pela FecomercioSP, 23% dos lares na cidade de São Paulo apresentavam algum tipo de dívida no sexto mês do ano. Em maio, o porcentual era de 24,5%. Com a redução, em números absolutos, 923,6 mil famílias seguem inadimplentes na cidade. Apesar da queda mensal, na comparação com o mesmo período do ano passado, o número de lares com contas em atraso mostrou avanço de 19,5%.
 
A taxa de famílias que afirmaram não ter condições de pagar as dívidas atrasadas ficou em 8,8%, recuando em comparação ao mês anterior (quando estava em 9,7%) e se igualando ao observado em junho do ano passado. Entre as famílias que recebem até dez salários mínimos, a inadimplência atinge 27,5% do total. Já para aquelas que ganham mais que este valor, o porcentual ficou em 11,3%. Os números demonstram recuo para ambas as faixas de renda, cujas taxas atingiam 29,3% e 12,2%, respectivamente, em maio.
 
A PEIC demonstra, ainda, que 74,1% das famílias (2,97 milhões, em termos absolutos) estavam endividadas em junho. Cartão de crédito (86,5%), carnês (19,4%) e financiamento de carro (14,6%) eram os principais tipos de dívidas que comprometiam o orçamento da população paulistana, no mês.
 
Conjuntura favorável para o consumo
Em junho, a intenção de consumo atingiu o maior patamar desde abril de 2020, embora 82,6 pontos esteja abaixo da linha de satisfação (100 pontos). As injeções de recursos na economia contribuíram para a sexta elevação consecutiva do ICF.
 
Quase todas as variáveis analisadas neste indicador apontaram alta. O maior movimento ficou por conta da Perspectiva profissional, com crescimento de 6,8%, passando de 106,3 pontos, em maio, para os atuais 113,6. Emprego atual cresceu 4% e alcançou 112,1 pontos. Ambos ficaram acima dos 100 pontos, indicando, portanto, satisfação.
 
Único a apresentar queda, o item Momento para duráveis recuou 0,8%, na comparação mensal, e 7,4%, na anual. O resultado pode estar relacionado à dificuldade dos consumidores em comprar bens como geladeira, fogão e televisor, em decorrência dos juros elevados.
 
As famílias com renda inferior a dez salários mínimos foram as que mais apontaram intenção de consumir. O ICF cresceu 4,5%, contra 0,7% das que ganham acima deste valor. As pontuações respectivas foram de 78,1 e 95,6.
 
Índice de Confiança do Consumidor
O ICC caiu 2,1% no sexto mês do ano, porém, ainda segue na área de otimismo, com 103,6 pontos. As Condições econômicas atuais (-5,1%) e as Expectativas em relação a elas (-1,1%) foram as variáveis que mais contribuíram para queda.
 
A diferença entre o ICF e o ICC é que o primeiro avalia mais detalhadamente o dia a dia das famílias (as condições domésticas). Já o segundo busca captar a percepção no que diz respeito ao todo, ou seja, o que o consumidor observa sobre os rumos da economia e o desempenho do País.
 
Volta às compras tem sido lenta
As pesquisas realizadas pela Entidade revelam um cenário positivo, mas que poderia ser melhor sem o impacto da inflação. A recuperação do mercado de trabalho, a injeção pontual de recursos do FGTS e do décimo terceiro foram fundamentais para que os lares pagassem as contas em atraso e retornassem ao consumo.
 
Entretanto, esse retorno tem ocorrido num ritmo lento graças ao elevado índice de inadimplência e à inflação. Importante ressaltar que o cenário ideal é o de aumento do endividamento com redução da inadimplência. Isso significa famílias contraindo o crédito para ampliar o consumo, enquanto conseguem quitar os compromissos em atraso. Mesmo com o avanço do emprego, contudo, ainda há obstáculos para transformar esta melhoria em um aumento expressivo desse consumo.
 
Notas metodológicas
PEIC
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil consumidores na capital paulista. Em 2010, houve uma reestruturação do questionário para compor a pesquisa nacional da Confederação Nacional do Comércio (CNC), e, por isso, a atual série deve ser comparada a partir de 2010.O objetivo da PEIC é diagnosticar os níveis tanto de endividamento quanto de inadimplência do consumidor. O endividamento é quando a família possui alguma dívida. Inadimplência é quando a dívida está em atraso. A pesquisa permite o acompanhamento dos principais tipos de dívida, do nível de comprometimento do comprador com as despesas e da percepção deste em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos, além de ter o detalhamento das informações por faixa de renda de dois grupos: renda inferior e acima dos dez salários mínimos.
 
ICF
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O ICF é composto por sete itens: Emprego Atual; Perspectiva Profissional; Renda Atual; Acesso ao Crédito; Nível de Consumo; Perspectiva de Consumo e Momento para Duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, no qual abaixo de cem pontos é considerado insatisfatório, e acima de cem pontos, satisfatório. O objetivo da pesquisa é ser um indicador antecedente de vendas do comércio, tornando possível, a partir do ponto de vista dos consumidores e não por uso de modelos econométricos, ser uma ferramenta poderosa para o varejo, para os fabricantes, para as consultorias, assim como para as instituições financeiras.
 
ICC
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados com aproximadamente 2,1 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura. Esses dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, se apresenta como: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.
 
Sobre a FecomercioSP
Reúne líderes empresariais, especialistas e consultores para fomentar o desenvolvimento do empreendedorismo. Em conjunto com o governo, mobiliza-se pela desburocratização e pela modernização, desenvolve soluções, elabora pesquisas e disponibiliza conteúdo prático sobre as questões que impactam a vida do empreendedor. Representa 1,8 milhão de empresários, que respondem por quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e geram em torno de 10 milhões de empregos.
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