Serviço implantado pelo IgesDF já atendeu mais de 5,5 mil pessoas com
agilidade, acolhimento e impacto positivo para pacientes e para a gestão
A saúde pública do Distrito
Federal deu mais um passo rumo à inovação. Desde a última segunda-feira (15), a
Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia passou a oferecer
teleconsultas, tornando-se a quinta unidade a adotar o serviço. A expectativa é
que, até o fim deste ano, todas as 13 UPAs administradas pelo Instituto de
Gestão Estratégica de Saúde (IgesDF) contem com essa modalidade, que veio para
agilizar o atendimento e ampliar o acesso da população aos médicos.
Desde maio de 2025, quando
a UPA de Vicente Pires começou o teleatendimento, o serviço já foi expandido
para outras quatro unidades, além de Samambaia: Gama e Ceilândia I e II.
Juntas, já atenderam mais de 5,5 mil pessoas.
“Estamos avançando com
muita responsabilidade. Antes de expandir, avaliamos os resultados clínicos, a
infraestrutura e o acolhimento da comunidade local. Queremos que a teleconsulta
se torne um verdadeiro polo facilitador da jornada do paciente dentro do SUS”,
avalia o diretor de Atenção à Saúde do IgesDF, Rodolfo Lira.
O presidente do Instituto
de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IgesDF), Cleber Monteiro, destaca que o
objetivo é modernizar o acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), sem renunciar
ao vínculo humano no cuidado com os pacientes. “Estamos incorporando tecnologia,
mantendo o cuidado próximo e humanizado. Com a teleconsulta, conseguimos não
apenas desafogar as salas de espera, mas também oferecer cuidado imediato e
direcionado”, afirma.
A estudante Gabriela Silva
viveu essa experiência na unidade de Vicente Pires. Ela chegou com dores no
abdômen e foi classificada como paciente de menor urgência, com pulseira verde.
“Eu achei que teria que ficar esperando muito tempo, porque tinham outras
pessoas em situações mais graves. Mas fui surpreendida com uma proposta que nem
sabia que existia aqui no DF”, conta.
A técnica de enfermagem da
UPA ofereceu a teleconsulta para a estudante, que foi atendida na hora. “A
médica apareceu na tela, analisou meus exames, fez perguntas, explicou meu
quadro e prescreveu o tratamento. Parecia que ela estava ali comigo, de verdade”,
relata. “Foi rápido, eficiente e muito acolhedor. Recomendo para minha família
inteira.”
Atendimento moderno e
humanizado
A implementação da
teleconsulta nas UPAs é uma iniciativa do IgesDF, que busca dar mais
resolutividade aos casos classificados como verdes, pacientes com menor
gravidade que, muitas vezes, enfrentam longas esperas ou desistem do
atendimento.
“Queremos garantir que todo
usuário que procura o serviço receba atendimento digno e ágil. A teleconsulta é
segura, rápida e permite que o paciente inicie imediatamente seu tratamento,
inclusive com medicação na própria unidade”, explica a chefe do Núcleo de
Inovação e Saúde Digital (Nusad), Amandha Dias.
Somente na UPA do Gama, a
maior em quantidade de atendimentos, mais de 2 mil pacientes foram atendidos
por teleconsulta em 90 dias, já que o serviço funciona apenas durante a semana.
Segundo levantamento do Instituto, cerca de 60% dos pacientes de classificação
verde optaram pela nova modalidade, com alto índice de aprovação.
Como funciona
Após a triagem, o paciente
é convidado a participar da consulta por vídeo. Se concordar, assina um Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e é encaminhado para uma sala
equipada com câmera, microfone e sistema eletrônico. O atendimento é realizado
por médicos, que podem solicitar exames, prescrever medicamentos, emitir
atestados e, se necessário, encaminhar o caso para atendimento presencial.
“É uma abordagem híbrida,
que respeita as necessidades de cada paciente. Se houver qualquer dúvida ou
sinal de agravamento, o caso é imediatamente revertido para atendimento
presencial. Nossa prioridade é a segurança e o cuidado integral”, detalha
Rodolfo Lira.
Além da agilidade, a
iniciativa fortalece o papel da equipe de enfermagem, que acolhe e orienta o
paciente em todas as etapas do processo.
Medida preventiva e
estratégica
A teleconsulta também se
consolida como uma importante ferramenta de prevenção. Segundo a gerente de
Comando Estratégico do IgesDF, Lillian Santos, quando o paciente é atendido
ainda nos primeiros sintomas, evita-se o agravamento do quadro clínico.
“Estamos falando de uma
estratégia que beneficia a todos. Evitamos a perambulação do paciente em busca
de assistência, reduzimos as chances de retorno com complicações e ainda
esperamos a diminuição de casos classificados como de maior complexidade nas UPAs”,
destaca a gerente.
Transformando o cuidado
A médica Mônica Dandara
Montenegro, especialista em Medicina de Família e Comunidade, integra a equipe
de atendimento remoto. Para ela, além de garantir acesso, a iniciativa promove
educação em saúde e melhora o uso dos recursos do sistema público.
“Os pacientes recebem
orientação sobre hábitos saudáveis, entendem melhor como funciona a rede
pública e aprendem a buscar os canais corretos. Isso evita sobrecarga e melhora
o cuidado como um todo”, observa Mônica.
Para a estudante Gabriela,
essa orientação foi fundamental. “Não precisei esperar horas, nem voltar outro
dia. Saí com tudo resolvido. E saber que posso contar com um sistema assim,
mesmo sem gravidade, me dá mais confiança no atendimento.”